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A cada dia me apaixono mais pelo trabalho com crianças com necessidades educativas especiais. Neste blog quero apresentar estratégias, informações e acima de tudo contribuições práticas para que estes sujeitos tenham possibilidades claras de aprendizagens. Confiram!!! Minhas credenciais: Sou Pedagogo; - Psicopedagogo Clínico e Institucional; - Assistente Social CRESS-Ba 8283.

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segunda-feira, 3 de agosto de 2009

ASPECTOS HISTÓRICOS E A CONCEPÇÃO DE INFÂNCIA DA CRIANÇA

ASPECTOS HISTÓRICOS E A CONCEPÇÃO DE INFÂNCIA DA CRIANÇA


Edinei Messias Alecrim - Pedagogo
Graduando em Serviço Social
Pós-graduando em Psicopedagogia clínico e Institucional e
Complementação no Magistério Superior


Historicamente, a palavra infância sob várias óticas sofreu modificações ideológicas que levaram seu sentido à mudança de paradigmas institucionais.
Etimologicamente falando, segundo Marisa Lojoto (2001), afirma que infância está ligada à “ausência da fala”, e seu prefixo “IN”, significa “negação” e “FANTE”, tem seu sentido “falar, dizer”. Assim, outro sentido é dado por Walter Kohan (2003), que revisando o conceito clássico sobre o termo “infante”, afirma que seria o que não pode valer-se de sua palavra para dar testemunho. Todavia, o conceito aqui empregado sobre o sentido da palavra infância determina nesse momento histórico a idéia de que a infância representa a “falta da fala”, ou seja, quem é o que é, e o que representa para a sociedade vigente.
Na antiguidade clássica não se tem registros claros especialmente na Grécia, sobre o lugar dado à infância, mas o que há de concreto é que naquele período histórico foram formuladas restrições sobre o infanticídio. Assim, tal prática foi discutida, enfatizada por Aristóteles, onde cada família poderia “dar cabo” de qualquer filho dentro desse período cultural.
Sendo assim, ainda na Grécia, especificamente em Esparta, as crianças eram educadas desde o nascimento para serem guerreiros, para o trabalho na guerra, enquanto que em Atenas, dava-se uma maior atenção aos estudos da escrita rudimentar. Assim, em Esparta, diferente de Atenas, a construção apenas de um simples bilhete era o necessário, enquanto valor dado à escrita.
Em Roma, começa-se outra concepção sobre a infância, há o interesse pela fabricação e utilização dos brinquedos nesta fase da vida. Nesse tocante, inicia-se também a discussão sobre a noção de criança e de seu desenvolvimento.
Todavia, aparece Quintiliano (35 a 95 dC), contrário aos castigos físicos que eram praticados contra as crianças, bem como defendia que estas deveriam ser protegidas dos segredos dos adultos, especialmente das questões sobre sexo. Assim, somente em 374 dC é que acontece a promulgação da primeira Lei contra o infanticídio.
Na Idade Média, segundo Phileppe Áries, dizia que nesse período não existia um sentimento de infância. Santo Agostinho fortaleceu tal discussão afirmando já no século V, que a infância é primeiramente marcada pelo pecado. Nesse contexto histórico, cria-se a idéia de que todo indivíduo que não dominasse o ato de ler e escrever era condicionado ou comparado a uma criança, ou seja, o ato de ler e escrever neste contexto histórico determina o momento cultural e social de cada indivíduo. Sendo assim, os aspectos da oralidade ainda neste contexto se tornaram fundamento essencial para ser considerada gente grande, ou seja, ser visto como adulto.
Nesse sentido, na modernidade a infância é enxergada como “especial”, com demandas específicas e com necessidades de proteção para se desenvolver tornando-se adulto, e isto se dá pelo desenvolvimento da leitura e da escrita. Para tanto, John Locke (1693), concebe a criança como uma folha de papel em branco, transferindo para o Estado, a família e a escola, a tarefa e a responsabilidade de “moldar” o que deveria ser “inscrito” na mente das crianças.
Ainda no século XIX, aparecem duas lógicas sobre o sentido da infância, elas foram: a primeira era a concepção Lockaniana ou protestante, que concebia a infância como um livro em branco que deveria ser adicionado novas inscrições. A segunda, Rousseauniana que defendia que o adulto é que é deformado, ou seja, havia uma subtração ao invés de uma adição na sua forma de conceber o seu próprio desenvolvimento.
Neste tocante, houve neste contexto três fortes Marcadores Histórico-sociais que davam sentido às mudanças no modelo de concepção da infância, que são: primeiro, com a invenção da prensa tipográfica, houve a criação do mundo letrado e a retomada da alfabetização social. Segundo, com a Revolução Industrial, incorpora o mundo do trabalho e a exploração da mão-de-obra infantil. Terceiro, com o advento da Psicologia, cria-se a discussão em torno do Psiquismo e sexualidade e sobre as fases do desenvolvimento da criança. Nesse sentido, foi com a Psicologia, que a ciência diz mais claramente como a criança e sua infância pensa, fala e age. Sendo assim, tais marcadores histórico-sociais abriram enormes discussões sobre o paradigma criado em torno da infância ao longo dos tempos, com modificações estruturais importantes.
Na contemporaneidade, a infância está na sua grande maioria juntamente com a educação, reportada aos aspectos consumista num âmbito da tecnologia e da informação. A grande indagação que se deve fazer diante de tal paradigma global, é se talvez não esteja terceirizando a educação e mais ainda a infância, quando deixamos o mercado globalizado regular o que deve ser e como deve ser o sujeito educando.
Assim sendo, as observações históricas e as análises atuais, especialmente os do filme assistido durante a exposição deste conteúdo, nos reportam a frase do tipo: “Deus me deu, Deus levou”; “Os meus trabalhos tá saindo quase o mesmo dos adultos”; “ Eu acho que eu não cheguei a idade de ser adulto”. Assim, as falas representam a idéia de que deixar a infância à mercê dos objetivos do capitalismo selvagem, consumista, fortalecerá a desumanização e o sentido da infância das nossas crianças.
Contudo, as idéias apresentadas neste trabalho poderão contribuir de forma satisfatória para a melhoria da concepção do sentido da infância tanto nos cursos de graduação para educadores, quanto no efetivo trabalho junto às crianças em fase de desenvolvimento dentro e fora dos espaços educativos.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Teodorico Pinheiro de. Jogos divertidos e brinquedos criativos. 2. Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004.
KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 9. Ed. São Paulo: Cortez, 2006.
SANTOS, Santa Marli dos. Brinquedo e Infância: um guia para pais e educadores em creche. 6. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1999.



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