1. Introdução
Da mesma maneira que as noções de conservação de conjuntos descontínuos de elementos, da superfície e dos líquidos, a noção de conservação da quantidade de matéria - frente às modificações de sua forma - é uma noção que se constrói.
Enquanto as crianças pequenas, em geral, menores de 5-6 anos julgam que se uma bola de massa de modelar é deformada ¬adotando uma forma distinta - tem mais ou menos do que quando apresentava a forma de bola, geralmente as crianças a partir dos 7 anos consideram que a quantidade de matéria não varia apesar da transformação e podem explicar que a modificação da forma é uma transformação nula usando argumentos de identidade, de reversibilidade e de compensação.
Cabe assinalar, que as idades podem variar em função das estimulações e experiências do sujeito e que as mesmas têm um valor relativo e referencial.2. Objetivo
Avaliar a noção de conservação de quantidades contínuas, com massa.
3. Materiais
2 pedaços de massa de modelar de cores diferentes, de maneira que com cada um deles se possa fazer uma bola de aproximadamente 4 cm de diâmetro.
É conveniente que as cores sejam correspondentes as substâncias comestíveis comumente consumidas no meio ao qual o sujeito pertence.
4. Procedimento
Fazem-se duas bolas com a mesma quantidade de massa e modifica-se a forma de uma delas: alargando-a, achatando-a e dividindo-a. Utiliza-se a pergunta do retorno empírico e contra¬ argumentações.
5. Administração
5.1. O entrevistador entrega ao sujeito os dois pedaços de ¬massa de modelar e pede que faça duas bolas que tenham a ¬mesma quantidade.
5.2. Quando o sujeito terminar de confeccionar as bolas ¬entrevistador pergunta se ambas tem a mesma quantidade.
5.3. O entrevistador solicita ao sujeito que escolha uma (que ficará como teste).5.4. O entrevistador deforma1 sua bola dando-lhe a forma de salsicha - alargamento - e pergunta: "E agora, o que temos na bola e na salsicha; temos a mesma quantidade, ou há mais na bola, ou mais na salsicha?"
5.5. Qualquer que seja a resposta do sujeito o entrevistador pede que explique por quê.
5.6. Qualquer que seja a explicação do sujeito (conservadora ou não conservadora) o entrevistador contra-argumenta tomando o ponto de vista oposto ou não considerado pelo entrevistado, com ou sem intervenção da opinião de um terceiro.
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1 As deformações - alargamento, achatamento, e divisão - que são realizadas em massa, (peso e volume que serão vistas mais adiante) podem ser realizadas em qualquer ordem.
- Se a resposta é conservadora, o entrevistador comenta a diferença. "Mas a salsicha é mais comprida".
- Se a resposta não é conservadora, o entrevistador pode dizer: "Mas a salsicha é mais fina", ou, "Mas a bola é mais grossa", ou recordar a igualdade inicial: "Mas antes você havia dito que tinham o mesmo."
5.7. Qualquer que seja a resposta do entrevistado o entrevistador pode aumentar (alargar e afinar) ou diminuir (encurtar e engrossar) a deformação e perguntar: "E agora, o que temos? Há mais quantidade na bola e na salsicha, a mesma quantidade ou menos? Como você pode me explicar?"
5.8. O entrevistador formula a questão do retorno empírico: "E se volto a fazer uma bola com a salsicha, o os em quantidade de massa?" Se o sujeito não resolve adequadamente se faz novamente uma bola com a salsicha antes de realizar a deformação seguinte.
5.9. O entrevistador realiza uma segunda deformação ¬"achatamento" - transformando a bola experimental em biscoito (com uns 7 cm de diâmetro) e pergunta se: ''A bola e o biscoito tem o mesmo, ou o biscoito tem menos ou a bola tem menos?".
5.10. O entrevistador realiza os passos indicados em 5.5.,5.6., 5.7. e 5.8.
5.11. O entrevistador realiza uma terceira transformação ¬a divisão - repartindo a bola experimental em uma quatro bolinhas e interroga o entrevistado sobre seu parecer em quanto a se: ''A bola e as bolinhas têm igual quantidade ou se a bola tem mais ou tem menos?".
5.12. O entrevistador realiza os passos indicados em 5.5., 5.6.,5.7. e 5.8.
6. Avaliação
6.1. Nível1. Não conservador (geralmente antes dos 5-6 anos).
Frente a cada deformação - alargamento; achatamento e divisão - julga- se que uma das quantidades é menor e outra maior. O problema do retorno empírico pode ser resolvido ou não adequadamente.
6.2. Nível 2. Intermediário (geralmente entre 5-6 e 7 anos).
O sujeito se mostra conservador e não conservador frente: a) a uma mesma deformação; b) a distintas deformações - com mudança total de forma ou com aumento, ou diminuição da deformação -; c) aos contra-argumentos.
6.3. Nível 3. Conservador (geralmente a partir dos 7 anos).
O entrevistado julga que as quantidades de massa permanecem constantes frente as deformações e contra-argumentações, podendo usar os argumentos de identidade, reversibilidade e compensação.
7. Observações
7.1. Deve-se levar em conta que algumas crianças resistem em trabalhar com massa de modelar, porque a repelem, porque temem se sujar, etc..
7.2. Por este motivo, é conveniente que a massa não manche as mãos ao ser utilizada, como também, que apresente uma consistência que facilite o seu uso.
7.3. Nunca devem ser oferecidos pacotes fechados, pois com certos entrevistados isso dificulta o diálogo e a inte¬ração posterior.
7.4. As mesmas observações realizadas em transvasamento de líquidos - relativas à motricidade, percepção e persona¬lidade no momento do estabelecimento da igualdade inicial - cabem em conservação de matéria.
UM MUNDO MELHOR SE CONSTRÓI EM MUTIRÃO
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