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A cada dia me apaixono mais pelo trabalho com crianças com necessidades educativas especiais. Neste blog quero apresentar estratégias, informações e acima de tudo contribuições práticas para que estes sujeitos tenham possibilidades claras de aprendizagens. Confiram!!! Minhas credenciais: Sou Pedagogo; - Psicopedagogo Clínico e Institucional; - Assistente Social CRESS-Ba 8283.

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quarta-feira, 19 de agosto de 2009

O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DA CRIANÇA SEGUNDO PIAGET

Edinei Messias Alecrim
edineimessias@hotmail.com
Lucineide Lins Medeiros
Luce_lins@hotmail.com


APRESENTAÇÃO

O estudo do desenvolvimento cognitivo das crianças teve em Jean Piaget (1896-1980) um processo de interpretação e compreensão do sujeito desde o seu nascimento até a idade adulta. Nesse sentido, a postura do autor evidencia para o contexto educacional a elaboração de teorias que focaliza o universo do sujeito e as relações que este estabelece com o conhecimento, criando representações do mundo, construindo assim o conhecimento.
Piaget, não procurou formular uma teoria que explicasse o processo de construção do conhecimento válido para a área da aprendizagem, mas compreender como o sujeito se constitui enquanto aprendente e como este, elabora seus conhecimentos considerados significativos.
A CRIANÇA E A ESTRUTURA BIOLÓGICA
Os estudos piagetianos esclarecem que a criança desde o seu nascimento é possuidora de estrutura biológica que possibilita o seu desenvolvimento cognitivo. Assim, o desencadeamento de fatores externos ao sujeito propicia o seu desenvolvimento a partir da interação do sujeito, ou seja, a criança e o objeto no qual esse mesmo sujeito manipula. Tal condição necessariamente não se constitui de forma única, pois a relação estabelecida entre o sujeito e o objeto, depende também do exercício constante do raciocínio, da inteligência. Todavia, a construção do conhecimento requer uma construção interna do sujeito, ou seja, necessário se faz uma constante reflexão do sujeito sobre o objeto a conhecer.
As pesquisas de Jean Piaget explicam que o desenvolvimento cognitivo da criança parte do pressuposto de que existe uma relação de fatores entre o sujeito que aprende e o objeto a ser manipulado. Assim, tais fatores se complementam quando evidenciados a partir das observações da maturação do organismo, da experiência que este estabelece com os objetos a serem conhecidos, com a vivência e suas relações com o social, além do processo que o sujeito estabelece com o meio.
1. As relações entre os conceitos de adaptação, equilibração, assimilação e acomodação.
A forte formação em ciências biológicas por Piaget possibilitou que este, formulasse conceitos para melhor explicar as modificações no cognitivo das crianças. Nesse sentido, o autor aponta que todo organismo humano tende a objetivar o equilíbrio, mas que por conseqüências de inúmeros fatores, tal objetivo não se almeja por completo. Pois, as relações estabelecidas entre o sujeito e o objeto acabam por ocorrer modificações no organismo, rompendo com o estado de equilíbrio presente, necessitando de esforços continuados para que o processo de adaptação venha a se restabelecer.
Assim, Goulart (2005), reforça que

(...) A cada instante o equilíbrio é quebrado por transformações que tem origem no mundo exterior ou interior e uma nova conduta tenta restabelecer o equilíbrio. A ação humana consiste, portanto, no movimento contínuo de adaptação ou equilibração. Em cada momento do seu desenvolvimento, a criança conta com uma estrutura mental que a auxilia no restabelecimento deste equilíbrio que, entretanto, não é duradouro, porque novas necessidades surgem. Assim, toda necessidade tende a incorporar coisas e pessoas à atividade própria do sujeito – isto é, assimilar o mundo exterior às estruturas já construídas. Ao mesmo tempo, toda necessidade tende a reajustar essas estruturas em função das transformações ocorridas, ou seja, acomodá-las aos objetos externos (p. 23).
A procura do organismo para o restabelecimento da adaptação acaba por envolver o processo de assimilação e acomodação. Assim, as estruturas cognitivas presentes no sujeito desde o seu nascimento e após relacionar-se com vários objetos externos formalizam novas estruturas mentais. No momento em que o sujeito aprendente faz a relação de novas experiências com as já existentes na sua estrutura cognitiva, efetiva-se o processo de assimilação.
No entanto, uma vez assimiladas, as novas informações obtidas pela relação do sujeito com o objeto, transforma as estruturas mentais, modificando e tornando-as prontas para a aquisição e domínio de outro conhecimento. Nesse sentido, toda relação que a criança estabelece com o seu meio, proporciona uma nova experiência que é assimilada e incorporada às estruturas mentais já existentes, gerando assim, o processo de acomodação. Quando acomodadas as novas informações nas estruturas mentais, inicia-se aqui o processo de equilibração, ou seja, as estruturas cognitivas da criança tendem a organizar-se coerentemente, levando o indivíduo a adaptar-se à realidade.
Contudo, essas transformações que acontecem no cognitivo da criança farão parte cotidianamente do seu organismo, e a sua construção significativa ou não, dependerá de como esse sujeito aprendente assimila suas interações com o externo. Sendo assim, o processo de equilibração do organismo da criança refletirá nos níveis de desenvolvimento cognitivo, os quais serão descritos com maior ênfase a seguir.
CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS PRINCIPAIS PERÍODOS DE DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DA CRIANÇA
O desenvolvimento do indivíduo não acontece em linha reta, mas por períodos. Segundo Jean Piaget, existe diferentes formas de interagir em diversos períodos, essas fases são caracterizadas pelo surgimento de estruturas originais e de uma situação de equilíbrio.
Quando se chega na fase adulta entende-se que já está na forma final de equilíbrio, que o indivíduo já passou por todas as fases do desenvolvimento cognitivo. Os elementos adquiridos nas fases anteriores permanecem no indivíduo contribuindo assim para o pleno funcionamento das ações.
Cada fase possui uma característica distinta. O processo de desenvolvimento inicia-se através dos reflexos inatos, que vão se transformando em esquemas sensoriais motores.
Já na fase pré-operacional a criança forma esquemas simbólicos que representam os esquemas sensório-motor internalizados.
No período operacional concreto, os conhecimentos adquiridos na fase pré- operacional são transformados em esquemas conceituais. É no período das operações formais, que o indivíduo atinge sua forma final de equilíbrio.
a) 1º período: Sensório-motor (0 a 2 anos):
Assim, Goulart (2005), enfatiza que

Neste estágio, a criança ainda não dispõe da função simbólica e não apresenta uma forma de pensamento ou afetividade definida, que lhe permita evocar pessoa ou objetos na ausência deles. Por esse motivo, o rápido desenvolvimento, próprio deste período, caracteriza-se por construções apoiadas exclusivamente em movimentos, estando, portanto, este desenvolvimento ligado a seu corpo apenas (p. 25).
A criança é fortemente concentrada sobre si mesma, devido às suas próprias necessidades. O relacionamento com a mãe através da nutrição (seio) é muito importante como primeira experiência emocional e afetiva.
Neste período a criança baseia-se em percepções sensoriais, o que vê pega não possui noção de espaço, estão começando a transferir os reflexos em esquemas cada vez mais complexos. Neste período possui a permanência do objeto exemplo: a mãe coloca a frauda na cabeça e pergunta cadê a mamãe? E o bebê fica procurando.
É a fase onde a criança desenvolve também a imagem corporal, que descobre o seu próprio corpo.
b) Período pré-operatório (2 a 7 anos):
É neste período que a criança desapega progressivamente da mãe e começa a aprender através da imitação. É a fase do egocentrismo, sente-se “dona do mundo”, atraindo para si todas as atenções, costumam falar sozinhos e até brincar, atribuem vida aos objetos e não conseguem aceitar um ponto de vista de outra pessoa.
É o período das representações, costumam misturar realidade com fantasia, é a fase mágica da criança, onde também desenvolve a linguagem e já pode formar sentenças complexas para falar e compreender um processo de evolução do pensamento, conforme Goulart (2005, p. 25); “(...) Graças ao aparecimento da linguagem, as condutas são modificadas no aspecto afetivo e intelectual. A criança torna-se capaz de reconstruir suas ações passadas sob a forma de narrativas e de antecipar suas ações futuras pela fala.
Possui conservação do objeto, focalizando apenas uma dimensão do estimulo, centralizando-se nela e sendo incapaz de levar em conta mais de uma dimensão ao mesmo tempo. Na fase final deste período a criança pode agir e pensar sobre sua ação.
c) Período das operações concretas (7 a 11, 12 anos):
Tem capacidade de conservação precisa do concreto e do lógico. Fazem semelhanças das coisas parecidas e deduzem ações. Assim, Goulart (2005, p. 63), reforça dizendo que: “A partir de aproximadamente 7 anos, muda-se a forma pela qual a criança aborda o mundo”. Neste período podem fazer cálculos mentais complexos e em curto espaço de tempo, já possui a lógica a respeito da conservação de volume, massa e peso.
A criança capta tudo o que está ao seu redor, maravilha-se com a natureza e adoram as experiências científicas. É neste período que há uma diminuição do egocentrismo, é a idade social do jogo e da vivencia em grupinhos, compreende o sentido das regras, prefere a prática. Nesse período a criança é sensível à ação na sociedade, nota-se que também pode separar objetos com base em algumas características, tais como cor, forma ou tamanho.
d) Período das operações formais (12 anos em diante):
Goulart (2005, p. 26-27), explica que

(...) A característica essencial deste estágio é a capacidade de distinguir entre o real e o possível; ao deparar com uma situação qualquer, o adolescente se mostra capaz de prever todas as relações que poderiam ser válidas e procura determinar, por experimentação e análise, qual das relações possíveis tem validez real.

O nível das operações formais, cujo início se dá em geral por volta dos doze anos de idade e que se completa aos dezesseis anos ou mais, se edifica sobre o desenvolvimento das operações concretas, as incorpora e as amplia.
Tem capacidade de construir esquemas conceituais abstratos e realizar operações mentais que seguem os princípios da lógica formal, sendo capaz de deduzir as conclusões de puras hipóteses. Já conseguem criticar os sistemas sociais e propor novos códigos de conduta.
O desenvolvimento afetivo não é independente do desenvolvimento cognitivo. Tanto o cognitivo como o afetivo, tende a se desenvolver plenamente. A formação da personalidade tem suas raízes na organização infantil das regras e valores construídos de forma autônoma.
Contudo, neste estágio, o indivíduo raciocina cientificamente, formulando hipóteses e comprovando-os na realidade ou em pensamento. De acordo com a tese de Piaget, ao atingir plenamente esta fase, o sujeito acaba por construir seu equilíbrio, ou seja, ele consegue chegar a um nível intelectual que continuará durante a idade adulta.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O foco da discussão tendo como parâmetro o desenvolvimento cognitivo da criança a partir de estudos Piagetianos, visualiza a compreensão do desenvolvimento humano retratando estágios seqüenciais, que se transformam a partir das modificações de estruturas mentais.
As idéias aqui discutidas representam um marco histórico qualitativo na compreensão das estruturas cognitivas do sujeito. Assim, é notório nas práticas pedagógicas e nas relações estabelecidas entre o sujeito e o objeto nos universos educativos, que a predominância do indivíduo aprendente sobre o meio, influência de forma decisiva a construção do conhecimento pela criança.
Contudo, importante se faz salientar que o processo de maturação do organismo da criança, as experiências com o exterior; sua vivência no meio social e de forma especial, o estado de equilíbrio do seu organismo com o meio, acaba por envolver condições complexas que se entrelaçam ou se complementam, favorecendo situações para o desenvolvimento cognitivo da criança.





REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GOULART, Iris Barbosa. Piaget: experiências básicas para utilização pelo professor. 21 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005.
Modelos piagetianos IN RAPPAPORT, Clara Regina (org), Teorias do desenvolvimento, vol. 1, E.P.V, São Paulo, 1981.



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